Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 876-2 | ||||
Resumo:A esporotricose felina é uma micose subcutânea, zoonótica, endêmica e negligenciada no Brasil. É causada por fungos do complexo Sporothrix sp. dos quais o S. brasiliensis tem sido o mais associado à doença em gatos. Os casos clínicos em felinos estão majoritariamente associados a múltiplas lesões cutâneas ou subcutâneas nodulares, ulceradas e que apresentam alta carga fúngica em suas secreções - o que potencializa o papel transmissor do gato para outros animais e ao homem. O tratamento de referência da esporotricose felina se dá pelo itraconazol, via oral, 100 mg por animal (3,5 kg), em dose diária, podendo ser associado ao iodeto de potássio em alguns casos, por no mínimo 3 meses ou até ser observada cura clínica. A necessidade de tratamento regular e prolongado aliada ao custo e à dificuldade de administrar medicamentos aos gatos são fatores que contribuem para o abandono terapêutico. Portanto protocolos e terapias alternativas ao tratamento clássico da esporotricose animal tornam-se necessárias. A criocirurgia é um processo terapêutico baseado no tratamento de lesões através do resfriamento rápido da pele, seguido pelo descongelamento lento. Essa sequência provoca inúmeras alterações imunológicas e destruição dos tecidos podendo, inclusive, induzir à morte celular programada. Este resumo propõe-se a relatar uma opção terapêutica baseada na associação da criocirurgia com itraconazol utilizada em um felino com esporotricose do município de Torres no Rio Grande do Sul. Um felino, macho, de 1 ano de idade, de 3,5kg, castrado e domiciliado foi atendido em uma clínica particular de Torres/RS em 03 de abril do ano 2023. O felino apresentava lesões nodulares, ulceradas, localizadas na ponte nasal e parte frontal do crânio. O animal recebia itraconazol manipulado (100 mg/animal) há 1 ano, sem melhora clínica. O exame citológico revelou estruturas compatíveis com leveduras do gênero Sporothrix sp.. Diante disso, foi feita a indicação de criocirurgia para acelerar a remissão da lesão e, também, a troca do itraconazol manipulado para um de formulação comercial humana. A criocirurgia foi realizada sob anestesia geral e com um criocautério da marca Nitrospray®. O felino apresentou redução de 50% do tamanho da lesão em 21 dias após o procedimento para o qual foi indicado mais uma intervenção criocirúrgica, porém a tutora não a realizou por questões financeiras. Contudo, foi possível observar que a associação da criocirurgia ao protocolo de tratamento sistêmico neste gato reduziu significativamente o tamanho da lesão e, dessa forma, o tempo de tratamento no felino e por manter a ferida cicatrizada e sem a presença de secreções, acredita-se que a chance de transmissão para a tutora tenha sido menor, assim como de reinfecção em outras partes do corpo do animal, por arranhaduras. Estudos com mais animais precisarão ser realizados para poder estabelecer mais parâmetros de como essa terapia associada ao tratamento sistêmico com itraconazol pode ser realizada no tratamento da esporotricose animal. Palavras-chave: Criocirugia, dermatologia, esporotricose, Sporothrix sp., tratamento Agência de fomento:Nenhuma |